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Fecomércio Ceará firma parceria inédita com países africanos

Os embaixadores das repúblicas de Cabo Verde e Moçambique acompanharam atentamente as apresentações sobre os potenciais econômicos do Ceará e suas relações com os mercados das nações africanas. Ganhou destaque o agronegócio do estado. O encontro inédito aconteceu no Laboratório Google for Education, do Senac Reference, bairro Aldeota.

A iniciativa de reunir o corpo diplomático com importantes players do varejo, logística, Embrapa e Governo do Estado, foi do presidente em exercício da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Cid Alves, representado no evento pelo diretor e 1º secretário da Federação, Everton Fernandes. A vinda dos representantes africanos é considerada o primeiro passo para formalizar parceria e intercâmbio com o Ceará.

“É de fundamental importância que a Fecomércio seja esse agente que conecta o comércio do Estado do Ceará com países parceiros, numa Câmara de Comércio Exterior com Cabo Verde, Moçambique e outras nações que vão entrar nesta parceria buscando fomentar ainda mais o comércio. É através deste intercâmbio que estreitamos também a amizade entre os povos. A satisfação é enorme para diretoria da Fecomércio estar conduzindo estes objetivos”, explica o diretor.

Fernandes também apresenta os benefícios para o varejista local: “O varejo cearense se beneficia quando começa a comprar mais barato, sem intermediações, das nações que fornecem os produtos e também através de suas vendas para estes mesmos países, como numa via de mão dupla, numa relação ganha-ganha. A ideia que este intercâmbio comercial possa ajudar no desenvolvimento desses mercados”.

Palavras dos embaixadores

Após as boas-vindas, cada embaixador apresentou suas expectativas com a instalação da nova câmara comercial. Falaram, na sequência, os representantes das repúblicas de Cabo Verde e Moçambique.

José Pedro Chantre D’Oliveira, Embaixador de Cabo Verde: “A importância é mútua, do nosso lado e do lado dos brasileiros do Ceará. Temos muitas expectativas de uma maior aproximação de trocas comerciais, entre o Brasil, nomeadamente o Ceará e a parte africana, sobretudo a ocidental. Pensamos que nossa proximidade geográfica e cultural-histórica, facilita aproveitarmos melhor essa realidade. Já tivemos uma relação mais forte, principalmente na década de 1990, com linhas marítimas – que desapareceu ficando apenas a aérea, que a pandemia veio deitar a baixo. Estamos tentando reverter isso, procurando alertar ao Brasil que estamos bem aqui, ao lado, e que podemos ter coisas muito proveitosas para ambos”.

Gamiliel Munguambe, Embaixador de Moçambique: “Estamos aqui para estreitar os laços de cooperação e negócios entre Moçambique e Brasil, em particular com o Ceará, com características muito próximas conosco. Estamos interessados em todo processo da cadeia de produção do caju, porque Moçambique é um dos grandes produtores desse fruto, uma das fontes de receita em nossas exportações. Pelo avanço do Brasil neste campo, queremos saber como estreitar parcerias, indo além, com o Ceará, vendo formas de incrementarmos as relações comerciais nos dois sentido, Brasil para Moçambique e Moçambique para o Brasil”.

As potencialidades comerciais

O agronegócio fez parte das principais negociações comerciais na reunião. Um dos destaques foi a cajucultura. Atualmente, a indústria de beneficiamento da castanha de caju, no Ceará, trabalha com 70% de sua capacidade. Parte da produção é importada da Costa do Marfim, país localizado no noroeste do continente africano.

“Este encontro é de extrema importância, porque podemos oferecer nossa competência em processamento e podemos suprir a falta de matéria-prima – castanhas – em nosso Estado, que a cada ano vem diminuindo, saindo de 330 mil toneladas para 140 mil/ano, quantidade insuficiente para abastecer as indústrias”, revela Xisto Salema, representante do Sindicaju, sindicato das empresas ligadas ao setor.

Para Sérgio Baima, coordenador de atração do agronegócio, ligado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo, o Ceará deve ganhar com ao fechar negócios com os novos parceiros: “Estamos acostumados a exportar para os mesmos lugares de sempre, os Estados Unidos e a Europa e nós precisamos de outros mercados que são tão importantes quanto esses grandes e temos isso na África, tanto para exportação, no agro, quanto também para importação”, prevê.

Encontro histórico

A primeira câmara de comércio exterior, sediada na Fecomércio, é entre o Brasil e Argentina. A partir das conversas com os embaixadores de Cabo Verde e Moçambique, abrem-se negociações com outros países africanos.

“Vamos rumo à constituição da Câmara Brasil-Cabo Verde e Países Africanos, com o Ceará. O estabelecimento dessas relações traz bons resultados para o Ceará e para os cearenses também em áreas como cultura, turismo e pesquisas”, prevê o assessor de relações institucionais e secretário executivo das Câmaras e Conselhos Empresariais da Fecomércio (CACE), Marcos Pompeu.

Embaixadores de Guiné-Bissau e Burkina Faso, também faziam parte da comitiva, mas, por motivos de agenda, não puderam comparecer.

Após as tratativas comerciais, um almoço foi oferecido aos convidados no Restaurante Mayú.

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