
O Museu da Indústria recebeu, na noite da última quarta-feira (19/11), a final da edição 2025 do Ceará Moda e Cultura (CMC). A iniciativa marca a retomada renovada do tradicional Ceará Moda Contemporânea, agora em uma fase mais plural, inclusiva, histórica e alinhada ao fortalecimento da economia criativa do estado.
Promovido pelos sindicatos SINDROUPAS, SINDITÊXTIL e SINDCONFECÇÕES, com apoio do Sistema FIEC – por meio do SESI, SENAI e IEL – e do Sebrae, o CMC reafirma o compromisso do setor industrial com a valorização da moda cearense. O concurso consolidou-se como uma das principais plataformas de incentivo à formação de talentos e ao desenvolvimento do vestuário, revelando profissionais do design, que hoje integram o mercado de forma destacada, e valorizando os que atuam nos bastidores dos processos de costura e modelagem.
Com o tema “Praia de Iracema — Um Século de Memórias que Vestem o Futuro”, o concurso prestou homenagem a um dos territórios afetivos mais simbólicos de Fortaleza. A proposta contextualiza a moda como expressão cultural e econômica, estimulando criadores, estilistas e estudantes a revisitarem memórias, estéticas e narrativas que atravessam gerações.
O caráter social do concurso também ganhou destaque. Todas as peças exibidas por estes estilistas foram confeccionadas por detentos do sistema prisional, por meio de parceria com a Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP). A ação reafirma o compromisso das instituições envolvidas com a promoção de oportunidades, qualificação e ressocialização, ampliando o impacto do projeto para além do setor da moda.
Na cerimônia de encerramento, foram anunciados os vencedores nas categorias Costura, Modelagem e Design, valorizando os colaboradores da indústria de confecção e reconhecendo novos talentos que despontam como força de renovação da cadeia produtiva local.
O evento contou com as presenças de empresários do setor, do presidente do SINDROUPAS, Paulo Rabelo; do presidente do SINDCONFECÇÕES, Daniel Gomes; do gestor do Museu da Indústria, Luis Carlos Sabadia; da coordenadora de Inclusão Social do Preso e do Egresso – Coispe da SAP, Cristiane Gadelha , do gerente do SENAI Parangaba Enzo Rissi e do especialistas técnicos Bruna Catunda em Têxtil e Vestuário e Deoclys Bezerra em Design do SENAI Ceará, Deoclys Bezerra.
Para Bezerra, a evolução do CMC traduz o fortalecimento da atuação conjunta dos sindicatos do têxtil e vestuário e do Sistema FIEC. Ele destaca que o SENAI Ceará acompanha o concurso desde sua origem e que o apoio da instituição é determinante para valorizar competências técnicas essenciais ao setor. Segundo o especialista, a participação do SENAI na execução e avaliação das categorias de Modelagem e Costura e na avaliação da categoria Design reforça a qualidade do processo seletivo e reafirma a missão institucional de formar profissionais capazes de impulsionar a indústria do vestuário e contribuir para o desenvolvimento econômico do estado.
Segundo Paulo Rabelo, a edição 2025 marca um momento de reinvenção e amadurecimento do projeto. Ele relembra que o antigo Ceará Moda Contemporânea teve sua última edição em 2021 e que, neste retorno, ganhou novo significado ao se transformar em Ceará Moda e Cultura. “O objetivo principal do projeto sempre foi lançar novos profissionais no mercado. Só que, nesse retorno, buscamos algo diferente, estabelecendo uma conexão com o sistema prisional. A ideia foi resgatar designers que já participaram do projeto e, em parceria com detentos, desenvolver produtos. Os designers elaboraram fichas técnicas e os detentos confeccionaram as peças”, explicou. O presidente do SindRoupas explica que essa mudança ampliou o impacto social e cultural do concurso, fortalecendo sua missão original ao mesmo tempo em que incorpora novas camadas de inclusão e cidadania.
Rabelo também destacou o caráter humano e transformador do processo, especialmente na etapa inicial, quando as criações desenvolvidas no sistema prisional foram apresentadas em um desfile acompanhado pelas famílias dos detentos. “Foi um momento de grande emoção, com a oportunidade das famílias testemunharem o trabalho de seus entes queridos. A iniciativa possibilitou a inserção desses profissionais no mercado e a divulgação do trabalho realizado pela indústria dentro do sistema prisional.” Ele ressaltou ainda a força das parcerias que tornaram o projeto possível, com destaque para o SENAI Ceará: “Se não fosse o SENAI, esse projeto não teria sido renascido. A instituição teve um braço muito forte em todas as etapas, fez um trabalho espetacular, e somos muito gratos por isso — assim como aos parceiros Santana Têxtil, Silmaq, Giga Mall e ADECE.”
